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“TINHAMOS MEDO POR AS CRIANÇAS IREM PARA UM NOVO PAÍS COM UMA CULTURA DIFERENTE. MAS ELES FICARAM MUITO FELIZES. O ACOLHIMENTO DAS PESSOAS FOI MUITO BOM."

GHOFRAN
Reino Unido

Quando fugiram de Zakyah, nos arredores de Damasco, em 2013, Ola de 4 anos levou a sua boneca de pano, o irmão Adel o seu relógio de pulso, o pai Ismael embalou a sua shisha e contas de oração e a mãe Ghofran levou cobertores e panelas. Fugiram para o Líbano, onde passariam os próximos cinco anos a lutar para criar a sua família entre outros milhões de refugiados sírios no Líbano – até uma manhã de janeiro de 2018, quando o Ismael foi acordado por um telefonema. A Ghofran, preparava o pequeno-almoço quando ouviu gritos, o Ismael gritava: “Foi a senhora da ONU!”. Foi um golpe de sorte que eles mal queriam acreditar.

Onze meses depois, em dezembro de 2018, a família Khaled Jhayem desembarcou em Liverpool, e foi recebida por um grupo de estranhos. Ann Connor, que preside o Conselho Paroquial de Bishop Eton, foi quem fez a apresentação do programa de patrocínio comunitário à paróquia. “Setenta e cinco pessoas apareceram”, disse Ann “tínhamos médicos suficientes para encher um hospital e professores suficientes para abrir uma escola.”

"O PATROCÍNIO COMUNITÁRIO TEVE UM EFEITO CASCATA MUITO GRANDE.”

Ela e a Tricia Brophy criaram o comité coordenador e construíram equipas para lidar com tudo, desde angariação de fundos até ao alojamento, em que cada membro contribuía com as seus conhecimentos e competências.

O dinheiro estava entre os primeiros desafios. A generosidade veio de lugares inesperados. Um casal na casa dos oitenta fez uma doação de £ 1.000, enquanto que uma menina de seis anos deu o seu dinheiro de aniversário num cheque de £ 160, assim como uma doação de 500 libras, um presente espontâneo das mulheres da mesquita de Penny Lane. O padre Tim Buckley, pároco de Bishop Eton, ainda está maravilhado com a cadeia de eventos subsequente. “A mesquita agora montou uma equipa para ajudar os sem-abrigo na cidade. O patrocínio comunitário teve um efeito cascata muito grande.”

O grupo preparou a casa, desenvolveu aulas diárias de línguas para os pais; escolas primárias e secundárias para as crianças; assistência financeira e bancária; até um livro de boas-vindas traduzido para árabe – tudo isto e muito mais aguardava a chegada da família.

Antes da mudança para o Reino Unido, o Ismael, um metalúrgico na empresa da família na Síria, estava apreensivo em levar as crianças “de vida em vida e para uma cultura diferente”. Como nenhum deles falava inglês, ele avisou que seria difícil no começo. Mas a Ghofran disse que os seus medos desapareceram logo. “Eles ficaram muito felizes. O acolhimento das pessoas foi muito bom.”

Ola ficou surpreendida ao descobrir que o desporto e a arte faziam parte do currículo escolar e já ganhou um troféu de 'melhor jogadora' de futebol. Mas a sua disciplina favorita é a matemática e espera estudar medicina mais tarde. O Adel já é o tradutor da família, ele também espera ser médico, pois lembra-se como era difícil ter acesso a cuidados médicos no Líbano.

 

Com a pandemia o grupo esteve menos presente, mas Ann diz que “as mesas mudaram e agora somos nós que recebemos mensagens de apoio do Ismael e da Ghofran, oferecendo-se para fazer trabalhos e fazer compras para todos nós”.

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