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Choque e luto depois de tragédia no Centro Ismaili

O passado dia 28 de março ficou marcado por uma tragédia. Um homem de origem afegã e com estatuto de refugiado atacou três pessoas que trabalhavam no Centro Ismaili, tendo morto duas. O CPR e a ComUnidade partilham a sua comoção e transmitem solidariedade para com todos aqueles afetados por este acontecimento trágico. O nosso pensamento dirige-se às famílias das vítimas, a toda a equipa e à comunidade ismaelita, a quem desejamos força e esperança.

Este episódio trágico é condenado por todos e todas que trabalhamos neste âmbito, advertimos, no entanto, para as repercussões negativas que possa potencializar. É imperativo que os agentes responsáveis pela informação, não enveredem pelo tendencionismo, disseminando discursos de ódio que inflamam o racismo e a xenofobia. É essencial que este caso excecional não seja usado como instrumento de perseguição, exclusão e cerramento das fronteiras para aqueles que estão numa situação de extrema vulnerabilidade, como são os refugiados, e precisam de apoio. Este é comprovadamente um caso isolado, não devendo nunca ser generalizado a toda a população refugiada ou afegã. Este acontecimento não deve ser imbuído de conteúdos relacionados com o terrorismo ou a islamofobia, devendo de ser tratado com o rigor e a exigência de qualquer caso de homicídio. Este, também, não deve de ser aproveitado como instrumento banal de conquista de votos, ao generalizar e condenar a política de acolhimento em Portugal. Deve-se quebrar a vinculação de narrativas sobre os refugiados com o termo terrorista, prática que é cada vez mais comum nos discursos de extrema-direita que inflamam pânicos morais, associados a narrativas securitárias.

Este acontecimento deplorável não pode ser desvalorizado, abrindo a reflexão para questões sobre as condições do acolhimento de refugiados no nosso país. Sublinhamos a necessidade de uma capacitação de qualidade para todos e todas que trabalham com populações tão vulneráveis, assim como a sensibilização da comunidade de acolhimento. É essencial compreendermos que são pessoas com histórias de vida e jornadas árduas e traumatizantes, que têm de recomeçar todo o processo de (re)construir as suas vidas do zero e que, portanto, as suas necessidades são mais acentuadas e muito distintas do resto da população. Por exemplo, a relevância da oferta e acesso a serviços de saúde mental demonstra-se cada vez mais indispensável.

Reforçamos a nossa posição de solidariedade, com votos de força e de esperança que situações como esta não ocorram nunca mais.

Centro Ismaili em Lisboa. Gary Otte.


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