Após a invasão ao território ucraniano por parte da Rússia, cerca de 660 mil ucranianos já fugiram das suas casas. A maioria desloca-se para outras zonas do país, enquanto outros atravessam as fronteiras para as vizinhas Polónia, Eslováquia, Hungria e outros. Estima-se que o número de ucranianos forçadamente deslocados possa chegar aos 5 milhões e os países vizinhos preparam-se para os receber. Os cidadãos ucranianos podem entrar na UE sem necessidade de visto, o que tem facilitado a entrada de muitos ucranianos, que são hoje uma das maiores diásporas em alguns destes países.
O compromisso de acolher e proteger estas pessoas é aplaudido pelas organizações de direitos humanos, no entanto é impossível não fazer um paralelismo com as atitudes xenófobas e racistas recorrentes destes governos, face a migrantes e refugiados, como testemunhado em 2015 com a crise na Síria ou recentemente na fronteira com a Bielorrússia. Estas atitudes evidenciam a dualidade na interpretação de quem "merece" proteção ou não, criando duas medidas para "refugiados de primeira e de segunda". Muitas organizações sublinham os desafios que um grande influxo de pessoas pode gerar, podendo intensificar os sentimentos anti-migração, apelando, ainda, para a situação agravada de muitos migrantes residentes na Ucrânia, nomeadamente do sudeste asiático e de África, que estarão particularmente vulneráveis, sem opção de entrarem pacificamente nestes países.
Assistimos a uma enorme solidariedade global face a uma situação que se teme ter a capacidade para ser, segundo o ACNUR, uma das "maiores crises de refugiados na Europa deste século". Perante esta situação, a necessidade de soluções sólidas, assim como de um mecanismo comum para o acolhimento de refugiados são, progressivamente, elementos fundamentais para responder ao crescente número de conflitos e consequente aumento de pessoas forçadamente deslocadas.
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