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A maior crise humanitária na Faixa de Gaza coloca em perigo milhões de pessoas

Após os ataques hediondos do Hamas a 7 de outubro que tiraram a vida a mais de 1200 pessoas e fizeram mais de 200 reféns, o governo de Israel respondeu de forma musculada, levando à escalada de sofrimento humano, causando a maior crise humanitária no território desde o início do conflito Israel-Palestina.


Os incessantes bombardeamentos a Gaza, assim como à Cisjordânia, contabilizaram, até ao momento, mais de 12 mil mortes em Gaza, incluindo mais de 5 mil crianças, 3 mil mulheres, 53 jornalistas e 100 funcionários da ONU ultrapassando o número de trabalhadores humanitários mortos anualmente noutros conflitos. Na Cisjordânia 215 palestinianos foram mortos pelas autoridades israelitas, incluindo 55 crianças, mais 7 adultos e uma criança mortos por colonos israelitas. O cerco de Israel a Gaza deixou milhões de pessoas sem acesso a bens vitais e de necessidade básica como água, gás ou eletricidade. Do lado do Hamas, rockets continuam a ser lançados com o objetivo de atingir áreas civis. Este conflito está marcado por inúmeras ações de desrespeito para com a Lei Internacional Humanitária, de ambas as partes.

A ajuda humanitária é cada vez mais necessária em Gaza, sendo praticamente impossível de praticar e extremamente insegura. Não é viável a continuação de um conflito a esta escala e com esta intensidade, com total desrespeito pela integridade humana e a proteção de civis.


Bombardeamentos em Gaza. Youssef Massoud/AFP via Getty Images

A intensificação do conflito levou a que cerca de 1.7 milhões de palestinianos tenham sido obrigados a fugir de suas casas, em que mais de mil estão alojados em abrigos da ONU por não terem mais nenhum sítio para ir. Este número adiciona-se aos já 243 mil deslocados forçados palestinianos, registados em 2019. Há décadas que os habitantes dos territórios da Palestina são continuamente forçados a fugirem das suas casas, seja por ataques, violência, despejos e demolições de casas forçados ou por coerção.


O primeiro grande conflito israelo-árabe de 1947 a 1949 (Guerra da Palestina ou Guerra da Independência para os israelitas) levou à expulsão de mais de 700 mil palestinianos do seu território (cerca de 85% da sua população) e a Guerra dos Seis Dias de 1967 fez com que cerca de 350 mil pessoas tenham sido obrigadas a fugir de suas casas. Estes conflitos, em conjunto com a crescente violência, a destruição completa de aldeias completas e de campos de refugiados, as perseguições pelas autoridades de ambos os lados, a expulsão coerciva para a instalação de colonatos israelitas e a sujeição a viver em condições desumanas, levaram à existência de milhões de pessoas refugiadas.


Cerca de 75% da população da Faixa de Gaza é refugiada. Esta é uma das histórias mais longas de deslocação forçada e de refúgio de sempre. Atualmente contabilizam-se 5.9 milhões de refugiados palestinianos, entre pessoas diretamente afetadas, assim como os seus descendentes visto este estatuto ser hereditário apenas para esta população, estando já na 5ª geração. A maioria dos refugiados palestinianos vive em campos de refugiados espalhados pelo território e nos países vizinhos como a Jordânia com mais de 2 milhões ou a Síria e o Líbano com cerca de 500 mil. Os refugiados palestinianos continuam a viver no limbo após mais de 70 anos de serem expulsos de suas casas. Os campos não oferecem as condições para uma vida estável e digna, permanecendo sem cidadania e os direitos que lhes estão associados, seja dentro dos próprios territórios palestinianos dado o não-reconhecimento internacional da soberania da Palestina, seja nos países vizinhos que até há pouco tempo se recusavam a reconhecer os direitos dos refugiados palestinianos.


A profunda crise na Palestina e em Israel já causou a morte de milhares de pessoas inocentes e está a exacerbar a já desesperada crise de refugiados palestinianos na região. É urgente criar soluções que protejam os civis, conseguindo entregar os bens mais necessários para a população e criando formas seguras para a retirada de pessoas das zonas afetadas. A comunidade internacional deve mobilizar-se para o desenvolvimento destas soluções, à semelhança do que aconteceu no caso do Afeganistão ou no conflito da Ucrânia. As medidas para proporcionar passagens seguras para quem precisa devem ser operacionalizadas sempre que uma crise peça tal resposta.


A ComUnidade está do lado de todos os deslocados forçados e vítimas de violência e, tal como pedimos a existência de rotas legais e seguras com as graves situações no Afeganistão, na Ucrânia e em tantos outros sítios, também agora o pedimos. Juntamo-nos a todas as organizações, instituições e pessoas que estão solidárias com os refugiados, seja de onde forem e estejam onde estiverem, assim como contra todas as formas de discriminação, racismo e violações dos direitos humanos.






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