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Mais de 100 mil pessoas são obrigadas a fugir de Nagorno-Karabakh com o intensificar do conflito

Em apenas duas semanas, mais de 100 mil pessoas fugiram de Nagorno Karabakh, uma região com cerca de 120 mil habitantes. Entre elas está Marat, um jovem de 22 anos da cidade de Askeran no território de Nagorno-Karabakh. "Gostava de ter ficado lá, claro. Tínhamos lá tudo e era a nossa casa. Mas como podemos, quando temos crianças e elas podiam morrer lá. Temos de pensar na segurança."

Este território é disputado entre a Arménia e o Azerbeijão, sofre de um conflito que remonta ao início do século do XX. Atualmente reconhecido como parte do Azerbeijão, o território tem sido controlado por forças separatistas arménias desde a queda do bloco soviético. Apesar de constituírem a maioria da população, os arménios residentes têm sido discriminados há décadas pelas autoridades azerbeijanas, que tentam suprimir a sua cultura e identidade, pressionando-os para abandonarem a região. A minoria étnica arménia é cristã e tem um alfabeto peculiar, enquanto que os azerbeijanos são historicamente muçulmanos xiitas que falam turco.

A Primeira Guerra começou em 1991 depois de um referendo que pedia que o território fosse integrado na Arménia.

A última grande investida deu-se em 2020, dando inicío à Segunda Guerra de Nagorno-Karabakh.

Depois de duas guerras e contínuos conflitos, o número de mortos chega quase aos 50 mil e as expulsões massivas de populações de ambos os lados já criaram centenas de milhares de deslocados. A mais recente escalada de violência tem-se vindo a intensificar a partir de 2020, com a recuperação de cerca de 80% do território perdido pelo Azerbeijão e com o cerco ao território em dezembro de 2022 durante nove meses, deixando a população sem água, eletricidade e com escassez de comida e medicamentos. As investidas atingiram o seu auge em setembro deste ano com uma riomassiva ofensiva militar que resultou na rendição da autoridade Artsakh que governava o território, por autoproclamação, desde 1991.

Em apenas duas semanas, mais de 100 mil pessoas foram obrigadas a fugir de Nagorno- Karabakh. Filas intermináveis de autocarros e carros repletos de bens de uma vida, encheram a estrada que liga o território até à Arménia. Em poucos dias, a quase totalidade da população de um território que há décadas era autónomo, teve de fugir. Dos cerca de 100 mil refugiados, 30 mil são crianças e a maioria não tem família nem conhecidos na Arménia, estando totalmente dependentes da ajuda humanitária, como Marat. Ele não tem família nem conhecidos na Arménia e depende da ajuda de ONG, pois apesar da ajuda do Governo da Arménia, os cerca de 100€ por mês não são suficientes para viver.

Este é considerado um conflito proxy, envolvendo as potências da região como a Turquia, o Irão ou a índia e o Paquistão, mas também a Rússia e a China, ligado, entre outras questões, à construção do corredor geopolítico Zangezur, deixando, como habitualmente, milhares de deslocados e refugiados e tirando a vida a inúmeros inocentes.

Os milhares de refugiados que agora fogem de Nagorno-Karabakh, temem outro conflito. "Ofereceram-me uma casa na cidade fronteiriça de Kapan, de onde podes ver um checkpoint do Azerbeijão a poucos metros de casa... tenho medo, quero viver longe deles. E se atacam outra vez?" Diz Marina, uma mãe de dois filhos de Stepanakert . "Não conseguiria suportar perder tudo e ser deslocada outra vez."


Refugiados de Nagorno-Karabakh chema à cidade de Kornidzor. Alexander Patrin / TASS

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