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“DECIDI ENVOLVER-ME NO PATROCÍNIO COMUNITÁRIO QUANDO VI NA TV UMA REPORTAGEM SOBRE A PRIMEIRA FAMÍLIA QUE CHEGOU À IRLANDA. DISSE A MIM MESMO, QUE SE PUDESSE FAZER ALGUMA COISA NA MINHA VIDA, ALGO PRÁTICO E HUMANO, POR UMA FAMÍLIA, ENTÃO ISSO É O PATROCÍNIO COMUNITÁRIO.”

PAUL
Irlanda

Visitei a Síria em 2009 e 2010 e pude ver a beleza do país e do seu povo, a antiga cidade de Damasco com a sua impressionante mesquita omíada, a Igreja de São Paulo na Rua Direita, os bazares, os cafés e acima de tudo a hospitalidade calorosa e acolhedora das pessoas.

 

Quer dizer, quem é que é o meu vizinho? Muitas vezes é a pessoa que menos esperamos. Juntamo-nos às pessoas no momento da vida em que elas precisam de nós. Eu fiz uma lista de cerca de dez pessoas que conhecia na comunidade. Disse-lhes: esta é a ideia que eu tive, estão interessados? Todos disseram: claro que sim! Como a maioria das pessoas, não tínhamos uma agenda, só queríamos ajudar!

O meu papel era coordenar o grupo. Tinha de convidar as pessoas a juntarem-se, coordenar as reuniões e apresentar e divulgar a ideia à comunidade.

"É UMA EXPERIÊNCIA MUITO HUMILDE PENSAR QUE PODES REALMENTE AJUDAR OUTRO SER HUMANO."

Ficámos encantados quando nos disseram que a família estava a chegar. Eles chegaram no dia 10 de dezembro. Nós estávamos no autocarro no aeroporto de Dublin, era muito de noite e o Natal estava perto.

Estava muito frio na rua e a família estava desolada e exausta. Podia ver nos seus olhos que não estavam a compreender o que estava a acontecer. À espera deles, em casa, estava a lareira acesa, comida e alguns membros do grupo. Quando chegámos, o pai passou-me a cadeirinha com a sua filha pequenina para os braços. Ela estava a dormir e eu levei-a para dentro.

Naquele momento, olhando para ela, imaginei-a vinte anos mais tarde - uma mulher adulta, educada e confiante. E eu podia dizer-lhe que estava lá e que a carreguei em braços quando chegou à Irlanda. E podia contar-lhe sobre a incrível coragem que os seus pais tiveram naquela noite por os trazer para aqui e por terem feito tudo isso para os seus filhos.

Levámos a família para assistir aos cânticos de Natal na cidade e quando chegámos as pessoas deram-lhes um grande aplauso. As pessoas chegavam e apertavam-lhes as mãos. Foram todos muito acolhedores. Foi algo maravilhoso de se ver. Eles eram refugiados que tiveram que fugir e aqui estávamos nós, no Natal, a acolhê-los.

É uma experiência muito humilde pensar que podes realmente ajudar outro ser humano de verdade. Com a guerra na Síria e vendo o que estava a acontecer às pessoas, esta foi a minha maneira de fazer algo e dizer que estou com eles nestes momentos.

A educação é muito importante - o inglês deles tem melhorado, as crianças estão ansiosas para ir para a universidade e nós estamos a ajuda-los em todos os passos. Agora, estamos ansiosos que as crianças comecem a escola e que consigamos ver um nível totalmente diferente de integração. Eu também quero levá-los a ver os desportos nacionais, como o hurling. Quero mostrar-lhes a verdadeira Irlanda.

Se imaginasse que uma família irlandesa era obrigada a ir para a Síria, não seria maravilhoso pensar que um líder local numa pequena comunidade em algum sítio, os tentasse ajudar e apoiar? Quando se vê as coisas desta forma conseguimos compreender que é a humanidade que temos em comum que nos liga uns aos outros.

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